domingo, 1 de março de 2015

Denúncia de propina a Collor faz da Petrobras elo entre impeachment e Lava Jato

A inclusão do senador e ex-presidente da República Fernando Collor (PTB-AL) como suposto beneficiário de uma propina de R$ 3 milhões da BR Distribuidora liga a Petrobras à origem dos dois maiores escândalos de corrupção do último quarto de século: a estatal foi o primeiro alvo do esquema de corrupção operado pelo empresário Paulo César Farias, o PC, que resultaria no único impeachment de um presidente da República na história do País.
O caso veio à tona em outubro de 1990 através de denúncia do então presidente da estatal, Luiz Octávio de Motta Veiga, que pediu demissão do cargo acusando pressão de PC Farias e do ex-secretário-geral da Presidência, Marcos Coimbra, cunhado do ex-presidente, para aprovar um empréstimo de US$ 40 milhões à extinta companhia aérea Vasp.
Collor disse à época que mandaria apurar o caso, mas acabou lavando as mãos, deixando o caminho livre para o empresário. Caixa de sua campanha presidencial, em 1989, PC organizou um “propinoduto” tão arrojado como o que está sendo investigado na Operação Lava Jato. As diferenças básicas entre um caso e outro: os partidos políticos fora alijados do esquema, a propina circulava por uma rede de laranjas, os corruptores permaneceram impunes e o poder de investigação das instituições era bem menor.
O inquérito da Polícia Federal presidido à época pelo delegado Paulo Lacerda – ex-diretor que deu início às operações de impacto contra a corrupção, em 2003 – demonstrou que através da Empresa de Participações e Construções (EPC), uma espécie de holding na arrecadação de propinas, PC Farias havia grudado seus tentáculos em toda a estrutura do governo federal.
Um dos mais arrojados esquemas era justamente na Petrobras, onde o empresário tinha influência em negócios nacionais e internacionais. Os investigadores estimaram à época que nos anos em que funcionou, até o esquema ser desmantelado, PC teria arrecadado algo em torno de U$ 2 bilhões, tesouro cujo destino se tornou um grande mistério com a morte do empresário, em 1996. A arrecadação de propina deveria formar caixa para garantir ao grupo longevidade no poder.


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